Após a mídia lançar a entrevista com a atriz Paola Oliveira anunciando a realização do congelamento de óvulos reacendeu-se a necessidade de falarmos deste tema tão importante e com crescimento considerável entre as mulheres.
O adiar da maternidade é uma realidade. A falta de um relacionamento, a entrada da mulher no mercado de trabalho e a busca pelo sucesso profissional e pela realização pessoal deixaram a perspectiva de gestação para depois dos 30 ou 35 anos.
Do ponto de vista fisiológico, a gestação acima dos 35 anos já é considerada de alto risco e aumenta o risco de doenças cromossômicas e doenças maternas como diabetes gestacional, pressão alta específica da gestação, prematuridade, entre outros. Não digo isso para desestimular ninguém, pelo contrário, mas isso é estatístico e está muito bem documentado nos trabalhos científicos respeitados.
A alternativa criada pela medicina reprodutiva para tentar driblar a idade materna e proporcionar óvulos mais jovens e gestações mais certeiras é o congelamento de óvulos que não é uma técnica tão recente assim, mas vem ganhando cada vez mais adeptas e mais casos em todo mundo.
A idade não só diminui a quantidade de óvulos como também a qualidade e muitas vezes traz dificuldades para uma futura gestação. A avaliação começa lá no consultório do ginecologista com uma boa conversa, incluindo as expectativas e desejos da mulher, e exames físico, laboratoriais e de imagem. É uma avaliação importante e completa que irá direcionar o melhor momento para preservação da fertilidade que deve ser feito, preferencialmente, abaixo dos 35 anos.
A técnica de congelamento de óvulos com as melhores taxas de gestação futura é a vitrificaçäo e hoje é a mais praticada nas clínicas de fertilização. É importante ressaltar que essa opção é uma segurança, porém não uma garantia de gestação que poderá minimizar o risco da idade materna. Por exemplo, se uma mulher congelar os óvulos aos 32 anos e engravidar ao descongela-lo aos 40 anos, sua chance de gravidez gira em torno da chance de gravidez de uma mulher com 32 anos tentando engravidar com técnicas de reposição assistida, em torno de 60%, bem diferente dos 20% da chance de uma mulher igualmente aos 40 anos.
Essa técnica também já é uma realidade nas mulheres submetidas a tratamentos oncológicos afim de preservar sua fertilidade e a possibilidade de uma gestação pós o término de tratamentos quimioterápicos e radioterápicos. Nestes casos, é necessário que nós médicos estejamos atentos para pensar nessa possibilidade e não apenas no momento do diagnóstico e tratamento imediato das neoplasias.
As possibilidades são infinitas, e conforme as novas normas aprovadas pelo Conselho Federal de Medicina os casais homoafetivos também encontram na reprodução assistida técnicas e soluções para terem filhos biológicos com número crescente de adeptos e taxa de sucesso. Conceitos novos que vem surgindo numa sociedade moderna cada vez mais interessada em atender o interesse de todos, portanto, termos como barriga de aluguel e doação de espermatozoides e óvulos devem fazer cada vez mais parte do nosso dia a dia.
Como disse Paola Oliveira “ não sei o dia de amanhã” e apesar de não ser uma garantia de gravidez, o congelamento de óvulos tem sido cada vez mais promissor e comemorado por inúmeras famílias.